terça-feira, 16 de março de 2010

Relatos dos amigos vegetarianos

Depoimentos de vegetarianos/vegans sobre ceia de Natal





•Feliz Natal! Será que natal é só comer e beber?

Mais que em qualquer época de sua vida, o ser humano está comendo e bebendo com exagero. Ele não busca outra forma de energizar-se para a vida. Em conseqüência, concentra-se na comilança e na bebedeira. O atual ser que habita o mundo é um alcóolatra inveterado e seu estômago um depósito de detritos.



Como resultado, as doenças se multiplicam. O infarto está matando cada vez mais. Se não mata, antes mesmo que a pessoa chegue à idade provecta, o empurra para viver sob as rédeas de medicamentos destruidores ou de próteses que seriam desnecessárias.



Em períodos natalinos não se percebe o que é mandado para o organismo, que não dá conta de fazer a digestão, nem para o fígado, incapaz de filtrar todo o líquido. Na segunda-feira é a formatura de um parente, colega ou amigo; na terça, festa da turma de um amigo; quarta-feira é dia de despedida de solteiro de alguém; na quinta, confraternização da turma e, depois, dia de botecar; na sexta-feira normalmente é considerado de homenagem ao esporte do levantamento de copo; sábado é sábado e quase todo mundo enche a cara desde pelo menos a hora do almoço; no domingo, mesmo de ressaca, o conselho que as pessoas dão é para rebater com mais uma.



Assim se constroem os alcoólatras, que ainda têm a cara-de-pau de dizer: "Eu bebo so-cial-mente, puxando as sílabas e nem percebendo a última que pronunciou, um "mente" originário da mentira, de verdade. O fígado e o resto do organismo não reparam se é por esporte ou por vício, tratam logo de enquadrar o sujeito na classe dos que optaram por cirrose hepática, ou portador de câncer desenvolvido por uso de carne em demasia.



Há dois anos, participando de um seminário em Nanuque (MG), vi, ao vivo, por via de transparência fotográfica, os estragos provocados pela carne no estômago humano. Ela permanece pelo menos três dias em quem possui digestão fácil e talvez o dobro em quem, como eu, faz parte dos que são vítimas da prisão de ventre. Nesse tempo, irremediavelmente, o organismo do animal ingerido apodrece dentro do nosso. E nós, que não toleramos ver carne fora da geladeira, vamos carregar essa carniça no organismo? O que podemos esperar de tão degradante processo?



Muitos se orgulham e dizem: "Eu como somente carne branca". Tudo bem. Mas de onde vem o frango de hoje? Qual o processo de engorda de um galináceo de granja? Aquele bichinho, que se arrastava e bicava milho no terreiro durante cerca de 14 meses, agora em 45 dias já está na mesa. Graças a o quê? Nada menos que a 72 substâncias cancerígenes.



Depois de mandar pra tonga da mironga a carne, chegou a vez das gorduras. Pra que sal na comida, se o limão o substitui com vantagem, desde que seja para um estômago desintoxicado? E a gordura? O ser humano também pode escolher por si só: ou come pouco, ou come mais ou menos, ou come como mais um porco. De qualquer maneira, ele próprio é que constrói o seu estômago, fazendo-o um saquinho, uma bacia ou um tambor.



Feliz Natal! — dizem as pessoas a todo momento no final de ano. Sabem por que digo "feliz natal" o ano todo? Porque quando o cara pensa em natal só pensa em comer e beber. Não sabe que seu Natal só é feliz se ele também estiver feliz. E felicidade só se faz com barriga vazia, espírito desarmado e vontade de viver. Para todos os casos, exige-se uma alimentação sadia, seja comendo apenas coisas leves, ou simplesmente nada, porque comer é ilusão e a natureza nos abastece quando confiamos nela.



Finalmente, desejo a você um Feliz Ano-Novo. Não é apenas um dia, são trezentos e sessenta e cinco. Deixemos, portanto de lado a ignorância e o baixo astral. A inteligência existe é para nos tornar felizes sem precisar de drogas, álcool e de toneladas de comidas, ou lixo. Sabe onde tirar a energia da felicidade? Aí é demais, não vou dizer. Pesquise você e deixe de pensar que já sabe tudo na vida.



•Eu não acredito no natal, como muitos ja devem ter percebido....Mas fui na "festa" com a minha familia...



E doeu muito ver o cabrito, o peru e o porco mortos com molhos em cima da mesa....



Eu tava tão feliz com a minha torta de legumes e meu refrigerante....



Poxa, e o pior são os comentários: "Ai,ta morto mesmo,come ai um pedaço"...



Ou, "ai,credo, que frescura, é comida"....



Meu,isso que a minha familia (primos, tios, parentes mais "afastados") sabem que eu não curto isso...No ultimo natal falaram menos...



Acho que pq era soh eu e a minah irmã...Nesse natal minha mãe e minha outra irmã também se "converteram"....Pelo menos algo bom...=)



Bom,toda vez que tem alguma manifestação tem um cara(não sei qm eh) que canta,antes de qualquer coisa uma música da qual eu sós ei a primeira frase"um minuto de silencio, pelo cabrito que morreu,..."



Só sei até ai, por favor, se alguém souber me indicar...é bem tocante....



Mas eu não faria um minuto de silencio por cabritos nem outros bichos que morrem...Eu vou é fazer um minuto a mais de coragem e luta pra acbar com td isso...A gente vem crescendo...........



Beijosssssss e obrigada.

Renata tb - lista veg-brasil



•Pois é! Vinha eu andando em direção a Praça NS da PAZ, em Ipanema, pensando

justo nesta carnificina Natalina, quando vi uma enorme manjedoura armada na

igreja, Jesus entre os animais...Será possível que as pessoas não conseguem

se sensibilizar com a dor dos animais? Fico passada...doí o meu coração...outro dia fui a um encontro de outra lista da qual faço parte e uma amiga que foi comigo (vegetariana) em meio a um assunto qualquer deixou "ëscapar"nossas preferencias por não comer animais, vocês precisavam ver ao misto de surpresa e indignação das pessoas. "Ué, então vocês comem o que?"



Parece até que somos de um outro universo, mas não estou falando pela discriminação não, porque por ela como diz a tal de Luka, "ëu não nem aíiiiiiiiiiiiii", estou falando pela diferença de sentimentos, pela indiferença da dor que se causa em seres inocentes, pela cumplicidade de uma sociedade violenta que se alimenta de dor enquanto que diz querer se livrar dela, a incoerência dos homens...



Desculpe aí gente! Peguei carona no desabafo para poder fazer o meu. Para quem chegou até aqui comigo, um Feliz 2004 que Deus nos oriente e nos dê instrumentos para fazermos diferença nesta luta que nos parece tão árdua de ajudar aos nossos irmãos mais indefesos.





Abraços a todos

Thereza /Rio de Janeiro

E estranhamente por que será que Jesus nasceu entre os animais
??????

Coincidencia? Creio que não.....





•Estou escrevendo para dizer que foi uma barra para mim este Natal, sair com os colegas de sempre e fomos de casa em casa, eles comiam um poucquinho ali, um pouquinho aqui e eu apenas olhando, pois somente quado nos tornamos Vegans percebemos que praticamete todos os alimentos presentes em ceia "comum" são derivados de animais, ele são praticamente "refens" da alimententação animal. O mais chato era ter que repetir de casa em casa porque eu era Vegan e o que era, pois não podia que não queria comer e ponto... O pior de tudo era olhar aquela mesa repleta de pedaço de animais tostados espalhados por toda mesa e no centro aquele defunto(o peru) com as pernas abertas com seu interior repleto de farofa, quase passei mal!!!

Mas consegui manter o meu Natal 100% Vegan firme e forte!!! Essa foi a minha primeira grande vitória, já que sou Vegan a tão pouco tempo e pretendo continuar por toda minha longa vida...





Outra coisa é que eu inventei uma massa de pão que ficou muito boa, estou enviando a receita no outro e-mail...



Paulo Vitor - lista veg-brasil



•Oi Paulo! Td bem com vc?

É uma barra mesmo! Passei por isso tbém nesse natal.É engraçado ver vc relatando o q passou,pois comigo aconteceu da mesma forma.Ouvi tudo qto é comentário e tive q me explicar diversas vezes...alguns entenderam rapidamente,mas outros olharam para mim comose eu fosse um E.T. Fui passar o Natal na casa de minha tia,q soube outro dia q eu havia me tornado vegan,mas acho q se esqueceu.Ainda bem q fui previnida e acabei levando uma marmita! rs... Minha mae fez uma maionese,cheia de legumes,maça,passas e enfeitada com kiwi,mas dessa vez nao comi pq havia maionese! Entao,antes q ela colocasse a maionese,retirei uma porcao para mim.Foi a salvaçao do meu Natal!Mamy tbém fez grao de bico,que eu amo!!Resumindo,comi a minha maionese,sem maionese,arroz e grao de bico. De sobremesa,nada estava adequado,pudins de leite condensado, panetones e muitos sorvetes...graças a Deus,havia frutas!



Eu, como vc, fiquei satisfeita com a minha manutencao vegan,mesmo tendo dificuladades.. Estou há 1 mes somente vegan, e como vc,pretendo continuar para sempre! Isso é um motivo de comemoracao!

Um ótimo ano para vc e para todos nossos colegas.

Carina - lista veg-brasil

•Neste último fim de semana, próximo ao natal, estive reunido com toda minha família. Como já havia dito, minha maior preocupação era o que dizer para eles em relação a minha mais nova decisão de não comer carne. No sábado, na hora da janta uma tia minha perguntou o pq de eu não comer carne mais. Na verdade já haviamos jantado e não teve nenhum prato com carne. Eu então expliquei a ela minha maneira de pensar, a contradição que fazia ao pensar de um jeito e agir de outro, e falei a ela da minha preocupação com o sofrimento dos animais. Parece q ela entendeu, apesar de não deixar de dar aquela balançada básica de cabeça, em tom de reprovação, e soltar, como todos fazem, um comentário pra lá de absurdo. Ela me disse q esses animas, como boi, porco e galinha, são feitos pra isso mesmo, pra comer. Rebati dizendo q o homem é q os usava pra esse fim e q Deus jamais criaria animais para um fim tão horrível. Ela finalizou com uma balançada de cabeça e entortando a boca em tom de reprovação.

No outro dia, com a chegada de outros parentes, já fui logo dando a notícia. Estranharam, pois eu era louco por bife e cachorro quente. Expliquei primeiro para meus primos, e depois do almoço pra minha tia q veio me perguntar o pq da decisão. Eles entenderam. Minha prima disse q também é contra o abate de animais, mas disse q não faz o mesmo q eu pq acha q isso de nada adiantaria. Eu simplesmente disse q não importa se os outros ainda contribuem com a morte dos animais, importa q eu não quero mais contribuir. Ela tb me disse q eu não deveria comer vegetais mais, pq eles tb morrem. Eu disse a ela q eles não são capazes de sentir dor como os animais, pois não possuem sistema nervoso. Se são sensíveis a alguma coisa com certeza são bem menos.



Bom.. acho q no final tudo correu bem. Meu tio agora me chama de natureba, e quase todos meus parentes, aqueles q não me conhecem bem, não dão um mês pra eu voltar a devorar um bifinho. Mal sabem eles...



Bruno



•Olá, Bruno



Comigo aconteceu algo parecido, tb fiquei horas explicando o porquer disso e daquilo, mas acho q eles entenderam e um colega meu esta simpatizando com a ideia e disse que iria pensar sobre se tornar Vegan...

Mesmo que ele não se torne já é uma grnade vitoria somente o fato de ele estar sensibilizado...

Paulo Victor - lista veg-brasil



•A minha noite de Natal



Esperando que tenham todos tido uma óptima noite de Natal, volto a incomodar-vos para partilhar convosco a minha noite de Natal.



Para um ateu como eu, o Natal não tem qualquer significado, a não ser, por proximidade, aquele que por norma lhe atribuem as outras pessoas com quem convivo. Mas a minha noite de Natal acaba sempre por ter pouco ou nenhum sentido, desde logo porque o meu vegetarianismo, visto como extravagância, é sempre motivo de espanto para a minha família, para além das mesas de Natal serem normalmente um cenário muito triste e chocante, pois estão cheias de animais mortos. Preparava-me, então, para uma noite normal, de algum trabalho e, claro, de leitura. Seria uma noite sem nada de diferente, como tantas outras.



Já ao fim da tarde, com a noite de Natal a aproximar-se, recebo um telefonema de uma amiga, também da causa. Um caso urgente. Uma cadela que tinha aparecido ontem numa rua da Amadora estava muito magra, parecia estar muito frágil, e a senhora que a encontrou, mais do que preocupada, estava desesperada. Era quase certo que a cadela não conseguiria sobreviver na rua, sobretudo porque o seu instinto de sobrevivência parecia não estar muito apurado. A questão que se punha era: quem poderia ficar com ela, ou, pelo menos, protegê-la e albergá-la até que alguém pudesse definitivamente ficar com ela? Ainda por cima, na noite de Natal?... Ora, se habitualmente é muito difícil encontrar soluções para estes tão comuns problemas, nesta noite parecia mesmo impossível... O que me ocorreu foi simples: eu podia ir buscá-la, mas não tinha onde a pôr, pois já tenho uma cadela, a Eva, que não é propriamente adepta de grandes diplomacias e não é muito tolerante, para além de um cão, o Marx, que, apesar de muito simpático, se submete ao matriarcado da Eva, que dita as leis... e isto, pior ainda, numa casa pequena... Ainda assim -pensei -, arranjar-se-ia maneira de equilibrar as relações entre canídeos, de modo a que esta pudesse ficar em segurança...



Disse que a iria buscar, e assim foi. Combinámos. Depois de uma caminhada à chuva até ao local combinado, eram oito horas da noite quando encontrámos a pequenita. A sua beleza confirmava-se tanto como o seu aspecto frágil e vulnerável. A senhora esperava com ela, presa por uma trela. Estava muito assustada e tinha medo de se ver sem a senhora que a estava a proteger. Depois de uma breve conversa, arrancámos com a cadela, com uma boleia que a senhora generosamente ofereceu. Durante a viagem de carro, com alguns solavancos, a pobrezinha vomitou. Eram nove horas quando cheguei com ela a casa. Antes de qualquer tentativa de diplomacia para aproximar a nova hóspede dos dois canídeos membros permanentes da casa, dei-lhe banho, porque estava, como imaginarão, muito suja. Portou-se muito bem, tendo sido muito cooperativa, e foi mais naquele momento que conquistei a sua confiança. Numa noite de chuva, dei-lhe um banho com água aquecida e tomei depois todos os cuidados para que ficasse bem seca, não fosse constipar-se.



Depois dos cuidados estéticos, impunha-se uma boa refeição, desde logo porque ela estava impressionantemente magra (não há um osso do corpo dela que não esteja incrivelmente saliente, desde o externo às ancas). Preparei-lhe um manjar digno desse nome, comeu satisfeita e foi ficando cada vez mais confiante e descansada, com um conforto ao qual não estava obviamente habituada. Foi então que a apresentei ao "conselho dos canídeos", que, sempre intransigente, não deu um parecer positivo. Isso levou-me a fazer valer as minhas directivas sem acatar o parecer do dito conselho. Em alguns casos, a democracia tem limites, em nome da própria liberdade comum. Eram já onze horas da noite quando tudo estava finalmente tratado, a cadelinha lavada, seca, alimentada e quentinha, a Eva e o Marx também confortavelmente instalados, como justamente exigem, e a casa limpa, depois de uma pequena revolução. A pequenita acabou por adormecer ao meu colo, enquanto assistíamos os dois ao fim do filme "A Fuga das Galinhas" (enquanto eu pensava em como este filme era uma óptima maneira de, num tom divertido e ligeiro, dar uma ideia do martírio que as galinhas passarão quando são tratadas apenas como fonte de alimento, esperando que alguém percebesse que, se o filme tinha alguma lição, era que devemos ser vegetarianos, pois as galinhas, como tantos outros animais, têm vidas próprias das quais querem desfrutar de acordo com as suas características). Já um pouco cansado, acabei por me render ao sono, com a cadelinha a dormir sobre mim... Foi quando percebi que me estava grata. E, se já antes tinha assumido esse compromisso, a partir do momento em que decidi ir buscá-la, foi nessa altura que disse para mim mesmo que não haveria já nada que não fizesse para que ela estivesse bem...



Foi uma noite de Natal muito pouco convencional, mas estou certo de que foi a primeira noite de Natal na minha vida que teve algum sentido. Não preciso de alturas especiais do ano, religiosas ou não, para reconhecer que devemos ser solidários e altruístas, atendendo às necessidades dos mais desfavorecidos, mas, nesta altura especial do ano, mesmo que o não seja para mim, acabei por aplicar realmente esse princípio e ficar com a certeza de que a chuva, o frio, a fome e, eventualmente, a morte não perseguiriam mais este animal. Dormiu comigo a noite toda. Se eu me mexia, ela mexia-se. Se eu me levantava, ela levantava-se. Se eu dormia, ela dormia. E retribuiu-me com todo o carinho que pôde dar, muito mais do que aquele que eu muito dedicamente lhe soubesse dar.



Esta manhã acordou comigo, para me perseguir para onde quer que eu vá. Neste momento, enquanto escrevo esta mensagem, está ao meu colo, depois de já ter passeado, brincado, corrido e saltado. Descansa. Feliz, julgo. E é por um lado feliz que escrevo esta mensagem, mas também triste. Feliz, porque queria partilhar convosco esta pequena experiência, que, sem dúvida alguma, trouxe felicidade a um animal que estava condenado à miséria. Triste, porque não posso mesmo ficar com ela, não só por causa do autoritarismo (que compreendo) dos meus outros cães, mas principalmente por falta de espaço numa casa que é já pequena. Triste, porque sinto e sei que esta pequena confia em mim absolutamente. Não foram precisas mais do que estas quatorze horas juntos para sentir e saber isso. Triste, porque, mais do que aquilo que temo sofrer quando tiver que me separar dela, sei que ela sofrerá mais do que eu e não poderá compreender a separação. Talvez se venha a sentir novamente abandonada, o que não será de todo verdade, mas ela poderá entendê-lo assim. E eu não admitiria essa possibilidade, mas não estou em condições de levar até ao fim esta minha intransigência. Sei, contudo, que é pelo seu bem, que é o que mais importa. Por isso, confio-vos não só esta experiência como também estes sentimentos, pedindo-vos que me ajudem a encontrar alguém que possa ficar definitivamente com ela e que me permita vê-la com alguma frequência. Para matar as muitas saudades que sei que teremos um do outro. Alguém que lhe possa dar, mais do que apenas conforto, muita atenção e carinho, sendo certo que ela saberá retribuir com uma justiça que supera de longe a justiça possível das acções humanas. Para quem interesse, ela parece ser arraçada de perdigueiro, é pequenina (tem o tamanho de um gato adulto, aproximadamente), tem o pêlo castanho claro, muito bonito e brilhante (depois do "banho de sais" que lhe dei), uns olhos ternos como nenhuns outros, é um encanto. Parece ser novinha, é muito meiga e alegre e é um autêntico doce.



Sei bem, como certamente calcularão, que este é só mais um apelo a juntar-se a centenas, se não milhares, de outros. E sei também que este é um apelo com uma urgência relativa, pois ela agora está protegida (embora eu tenha mesmo que a entregar aos cuidados de alguém o mais depressa possível). Ainda assim, peço, uma vez mais, a vossa ajuda, sobretudo pela cadelita, que precisa de encontrar um lar estável e definitivo o mais depressa possível. Para quem possa ficar com ela, o meu contacto é o 962358183 ou miguelmoutinho@hotmail.com.Este endereço de e-mail está sendo protegido de spam, você precisa de Javascript habilitado para vê-lo



Por fim, espero que tenham um excelente dia de Natal...



Vosso, com amizade e reconhecimento,

Miguel Moutinho - lista Vep





•A pequenita acabou por adormecer ao meu colo, enquanto assistíamos os dois ao fim do filme "A Fuga das Galinhas" (enquanto eu pensava em como este filme era uma óptima maneira de, num tom divertido e ligeiro, dar uma ideia do martírio que as galinhas passarão quando são tratadas apenas como fonte de alimento, esperando que alguém percebesse que, se o filme tinha alguma lição, era que devemos ser vegetarianos, pois as galinhas, como tantos outros animais, têm vidas próprias das quais

querem desfrutar de acordo com as suas características).



...é engraçado, estou mais que farta de dizer aos meus amigos que o Chicken Run é sobre o vegetarianismo e o socialismo (afinal as galinhas querem ser livres e donas do seu próprio destino, não é??) e ninguém acredita...dizem que as galinhas verdadeiras não são nada parecidas com aquelas (que são giras) e que é difícil ter respeito

por um bicho tão estúpido...

então eu digo, não há por aí tanta gente estúpida e não muito bonita como as galinhas?? e ninguém fala em comê-los pois não? anyway, Miguel, gostei da tua história (gosto muito da maioria das tuas histórias, aliás) e ando a ver se arranjo uns papás para a

cadelita, a ver se o Marx e, especialmente, a Eva não se chateiam mais. não posso, infelizmente é ficar com ela (que parece, pela tua descrição um doce!), a minha gata Jeremias tem um feitio de madrasta da branca de neve e eu temeria pela cadela...

abraços e boa sorte!

Patrícia Faria - lista Vep





•Olá, Patrícia,



Não sei qual seria exactamente a intenção de quem escreveu a história do "Chicken Run", mas voluntária ou involuntariamente, acabou por apresentar, num tom suave mas eficaz, o caso a favor do vegetarianismo (e "mostrou" a vida das galinhas na criação extensiva, que é, ainda assim, muito melhor do que a vida das galinhas na criação intensiva). Quanto a mim, acho que é a lição mais séria que se pode tirar daquele filme, embora seja, como é evidente, necessária mais informação e conhecer melhor os argumentos em defesa do vegetarianismo. Ainda assim, diria que o filme cumpre a sua

missão, se é que se pode considerar que terá alguma, para além de entreter...



De resto, é evidente que as galinhas do filme são diferentes das galinhas reais. E o que se segue daí? As galinhas reais têm a capacidade para experienciar o sofrimento, que é a primeira condição para se dizerem que têm um interesse de grande relevância moral, nomeadamente o interesse em não sofrer. Se as galinhas são estúpidas ou não são estúpidas, isso é moralmente irrelevante para o modo como as devemos tratar. Seria importante se estivéssemos a decidir se deveriam ou não ser aceites numa universidade ou se deveriam ser admitidas para um emprego que exigisse elevadas faculdades

intelectuais, o que dificilmente será o caso. O respeito que um ser nos deve merecer (independentemente da espécie a que pertença) está muito longe das faculdades intelectuais que possua. Aliás, como muito bem referiste. É também interessante destacar que, segundo os mais recentes estudos de etologia, tem-se descoberto que as galinhas não são tão "estúpidas" (não gosto nada deste termo, a não ser quando usado em relação a quem gosta de o empregar) como se pensa. É importante ter em conta que, até a ciência descobrir muitos factos, pensamos sempre tudo e mais alguma coisa disto e daquilo, sem bases nenhumas para tal. Lembremo-nos do caso dos negros e de

como eram considerados... Lembremo-nos também que as pessoas gostam de muito

de repetir acriticamente aquilo que ouvem alguém dizer sem procurarem informação acerca disso primeiro... mas enfim...

Bom, Patrícia, eu também gostei muito da tua mensagem e agradeço a ajuda que me puderes oferecer para conseguir encontrar uma pessoa de confiança para a "B." (chamei-lhe assim, de Beyoncé...), que, de facto, o Marx e a Eva não me dão tréguas... os meus respeitosos cumprimentos para a Jeremias, a propósito...

Beijos,

Miguel



•Ola Miguel e todos..

Gostei muito da tua estoria da tua noite de Natal. A minha, foi passada longe de amigos, familiares e conhecidos. Estou numa eco-aldeia na Alemanha e todos falam, claro, em alemao. Apesar de terem sido simpaticos em me deixar passar este tempo natalicio por aqui (de outro modo, seria dificil encontrar outro local), penso que nao se

mostram interessados em criar mais condicoes que essas mesmas (a disponibilizacao de estadia e comida), pois nao ha uma disponibilidade da parte deles em me fazer integrado na comunidade.

Nao devem estar ah espera que eu comece a falar alemao de um dia para o outro!! eheh O melhor mesmo da noite de Natal foi quando fui buscar os dois cavalos da comunidade ao prado para o estabulo. Dei-lhes mais palha do que costumas ter para comer e em vez de 1 maca (ooops, como é que escrevo este fruto?? Nao tenho cedilhas nem til neste teclado!!), dei-lhes duas! Nao precisei de ter resposta por parte deles, mas sei que gostaram. Duas sao sempre melhor que uma. ehehe



Em relacao à comunidade, há algo aqui que nao funciona, ou nao me agrada. Algo do tipo ilusório dando a parecer que tudo é uma maravilha e todos dao-se super bem com abracos constantes e tudo....bom, depois da experiencia de Africa, ha muitas coisas que deixaram de me soar bem. Falta naturalidade e espontaneadade. Até às criancas é lhes negada isso...nao admira a rigidez e sobriedade deste povo. Nao admira o numero enorme de alemaes que fogem deste pais para paises mais "quentes". Isto é a minha impressao. Bom ano para todos.

Um abraco.

Rui Pereira - lista Vep





•Olá, Rui,



Pois, imagino que a tua noite de Natal não tenha sido a mais "quente". Eu penso que as eco-aldeias ou comunidades ecológicas (ou como quer que lhes queiram chamar) não podem fugir a algo que está lá sempre: a natureza humana (para além das características próprias de cada povo). Penso que a solução para a maior parte dos problemas da humanidade não são "refúgios" (se este termo puder ser aceite para a questão em causa) para onde vão as pessoas mais conscientes dos problemas do mundo, mas o contrário: o envolvimento e empenho destas pessoas na busca e aplicação de soluções para estes problemas, mas no interior da sociedade. Nós não queremos mudanças particulares, não queremos mudar-nos uns tantos para aquilo que achamos que é mais correcto e juntar-nos numa comunidade mais fechada; queremos, isso sim, que cada vez mais pessoas adoptem um estilo de vida mais justo e equilibrado, que tenha em séria consideração os interesses e necessidades dos outros, humanos e não-humanos, para além da importância de um mundo ecologicamente equilibrado.



Muitos dir-me-ão que sou muito ingénuo e que apresentar a solidariedade, a cooperação e o altruísmo como soluções para os problemas, esperando que as pessoas adoptem esta postura, é uma proposta não realista. Mas quem me disser isso está redondamente enganado. Como Peter Singer defende em "A Darwinian Left" - de uma forma tão lúcida e influente como escreveu "Animal Liberation", "Practical Ethics" e "How are we to live?" -, e fazendo-o com base em evidências empiricamente descobertas e confirmadas pelas ciências sociais, como a economia (imagine-se) e a sociologia (entre outras), e algumas ciências naturais, como a biologia evolucionista, a escolha egoísta, ou, mais simplesmente, a traição, que, aparentemente, parece ser a opção que mais vantagens traz para um agente racional, é aquela que mais desvantagens trará à totalidade dos agentes racionais, que não vivem isolados. A opção com o melhor resultado para todos os agentes racionais envolvidos numa tomada de decisão e que sejam passíveis de serem afectados por essa é a opção altruísta, ou, mais simplesmente, a opção pela cooperação. Um exemplo simples que Singer dá é o seguinte: numa zona urbana densamente populada que tenha uma grande população activa (como Lisboa, p. ex.), utilizar o automóvel pessoal parece a cada uma das pessoas que tem que se deslocar para o seu trabalho a opção mais vantajosa, dado que chegariam ao trabalho mais depressa e com mais conforto. O problema é que todas as pessoas que tenham automóvel pessoal pensarão da mesma maneira e agirão em conformidade com essa crença. Daqui segue-se que todas usarão o seu automóvel pessoal, congestionando o trânsito, demorando muito mais tempo a chegar ao trabalho, perdendo muito em conforto, gastando mais dinheiro em gasolina, tendo que se levantar mais cedo para ter mais tempo para a viagem, dormindo menos e tendo menos tempo com a família, etc.... Conclusão: se todas as pessoas usassem os transportes públicos (a opção altruísta, ou, pelo menos, cooperativa), chegariam muito mais depressa ao trabalho, teriam bastante conforto (os transportes públicos, segundo as leis do mercado, teriam que aumentar ainda mais de qualidade e segurança), gastariam menos dinheiro, poderiam dormir mais e passar mais tempo com a família. Chama-se a esta teoria, apresentada aqui de forma muito superficial, a teoria dos jogos, e tem uma experiência mental que exemplifica bem aquilo que está em causa que se chama o "dilema do prisioneiro". É uma teoria originalmente matemática, transposta para a economia nos seus termos próprios, e adaptada para a filosofia, sobretudo para a ética e a filosofia política, e diz-se que o seu estudo poderia evitar muitas guerras e outros conflitos, nomeadamente o israelo-palestiniano.



Bem sei que actualmente as coisas não são assim e as pessoas não agem desta maneira. Mas quem é que já lhes apresentou o caso desta maneira? É que as pessoas não são estúpidas e, se lhes derem elementos claros e sérios para pensarem sobre as suas acções, objectivos e resultados, são perfeitamente capazes de chegar às conclusões mais lógicas e positivas. De resto, nós próprios somos pessoas e nós próprios chegamos lá desta maneira. E isso só é fonte de responsabilidade para com os outros e para quem sofre pela ignorância (e má vontade de muitos, reconheço) dos outros. Acho que este é o caminho. Recomendo-te a ti e a todos da VEP que leiam as obras de Peter Singer que referi, bem como o último livro dele, "One World", no qual, em vez de se atirar histericamente contra a globalização, Singer aceita evidentemente um mundo global e globalizado, sem deixar de apresentar propostas sérias para que este mundo global e globalizado seja mais justo. É absolutamente imperdível. Para quem quiser, podem, de resto, ver uma excelente recensão do Desidério Murcho (também vegan e uma das maiores autoridades da filosofia em Portugal) sobre este livro em http://www.criticanarede.com/lds_oneworld.html.



Abraços,

Miguel





•Marli, olá, entrei na lista de vcs ontem ou posso até dizer que nesta madrugada, durante 38 anos fui carnívora e há 15 dias atrás estou vegetariana, que a transformação para mim é um mistério ainda, claro que sempre me interessei, mas jamais pensei que me tornaria uma vegetariana, mas diferente de que leio, eu sinto muito orgulho em estar vegetariana, eu atuo profissionalmente como nutricionista e infelizmente, com a cultura atual, tenho que utilizar de carnes de modo geral no cardápio da merenda escolar, mas não deixo a soja de lado e em 2003 ela estará mais 80% no cardápio, pois graças à Deus, existe algo chamado CUSTO, que nos beneficia com a utilização da soja e a carne teve um aumento estrondoso.

Eu faço questão de contar que estou sendo vegetariana e apesar de sentir que minha mãe gostaria muito que eu fosse na Ceia de Natal hoje, não fui, não quero sofrer "vendo", pois tirei radicalmente carnes e derivados de meu dia-a-dia e o que acho legal, que na escola que sou professora também, teve almoço de confraternização e elas fizeram bolinho de PTS pra mim, pois eu falei que CARNE JAMAIS!

Amanhã prometi a minha mãe que irei almoçar com ela, e será preparada uma salada especial para mim! Por isso, não sinto dificuldades, mas me espanta, ser vegetariana de um dia para outro!

COM MUITO ORGULHO!



Feliz Natal Marly, para toda sua família também!


•São poucos os conhecem o trabalho da SOS Fauna de ponta a ponta, desconhecendo por muitas vezes temos que penetrar nos mais horrendos e sombrios lugares, para, de forma extremamente arriscada, levantar informações sobre o tráfico e encontrar depósitos clandestinos de animais, instalados em locais que posso seguramente classificar como verdadeiras MASMORRAS DA VIDA SELVAGEM, sombrios, tristes, ambientes onde a MORTE parece dar as cartas.



São lugares em que à muitas pessoas da proteção animal, se nestes penetrarem, passarão noites e noites sem dormir, tendo pesadelos e chorando compulsivamente, digo isso pois já tive uma experiência com uma amiga minha, esta demorou mais de um mês para voltar à sua rotina normal de vida, mesmo assim, até hoje, e olhe que já se passaram três anos, esta relata que ainda pode ouvir os tristes cantos de lamento das aves, naquele local aprisionadas.



E foi nestas idas e vindas deste trabalho, que descobrimos que há dois dias no ano que são os preferidos pelos traficantes de animais para circular com estas vidas pelas estradas de nosso país, é na véspera de Natal para o dia 25, e na véspera do Ano Novo para o dia 1º.



Neste momento em que estou escrevendo estas linhas, já passam das onze da noite do dia 23 de dezembro de 2003, neste exato momento, muitas vidas estão sendo encaixotadas, preparadas para, dentro de uma carga de caminhão ou no porta-malas de um ônibus, ganhar as estradas rumo aos grandes centros urbanos do país, deixaram as florestas para NUNCA MAIS VOLTAR, vítimas da ganância humana, agora serão mercadorias, perderam o seu papel na Mãe Natureza, concedido por Deus!



E nesta época do ano, em muitas regiões do Brasil é tempo de acasalamento e reprodução de filhotes, certamente milhares de mães foram, estão sendo e serão capturadas, os filhotinhos morrerão, de FOME, na Natureza, nunca saberão o que aconteceu com a mamãe, ou talvez, ao chegarem junto do Criador, este saberá como contar a eles...



O amanhecer na caatinga será mais pobre sem os galos-de-campina, sem os corrupiões, sem os azulões. No cerrado não será diferente, pássaros pretos que cantariam na manhã seguinte, não cantarão mais, milhares de vozes do sertão se calam, é triste...



E é em época de Natal, onde se comemora o nascimento de Cristo, que os homens acentuam suas agressões à Mãe Natureza.



Que Deus permita, que me dê forças para vencer esta luta e, se não acabar, pelo menos diminuir substancialmente o tráfico de animais no Brasil, verdadeira batalha de GUERRA que comecei à QUINZE ANOS, e dela quero sair vencedor, com a cooperação e apoio de todos vocês.



Ainda ontem, em conversa com uma pessoa da PROTEÇÃO ANIMAL, esta me falou:



"Marcelo, por que você imagina que há muitos protetores de cães e gatos? E continuou... Ora, certamente porque as pessoas tropeçam no problema ao sair de suas casas, quanto ao tráfico, este ocorre às escondidas, poucos enxergam."



E eu concordei com ela.



Quero ser os olhos daqueles da PROTEÇÃO ANIMAL que não enxergam este problema, pois talvez desta forma, consiga mais aliados para meu exército, para esta batalha.